Relatórios e estatísticas feitas no Brasil nos últimos anos
geralmente apontam uma queda do número de pessoas que se declaram católicas. A
mídia, ao notar essa realidade, sai à procura de respostas para este fenômeno.
Afinal, por que tantos católicos deixam a Igreja?
Trata-se de uma pergunta
difícil, mas uma das situações que se impõem à análise é o fato de que muitas
pessoas que se dizem católicas se comportam, na verdade, como protestantes.
Isto dificulta muito o diálogo ecumênico, já que não se sabe se quem está no
polo católico do debate é um católico de fato ou um protestante infiltrado na
Igreja Católica. Para muitos dissidentes, de fato, a saída da Igreja representa
simplesmente uma mudança de endereço, e não de mentalidade.
Para fazer um juízo desta
espécie, é preciso recorrer à definição do protestantismo. A sua essência
consiste em que cada fiel é o seu próprio "papa", cada protestante
pode interpretar a Bíblia com a assistência infalível do Espírito Santo. Na Igreja
Católica, ao contrário, o responsável por interpretar infalivelmente as
Sagradas Escrituras é o Magistério da Igreja, isto é, o Papa e os bispos em
comunhão com ele. E isto é assim por desejo do próprio Senhor, que confiou aos
apóstolos as chaves do Reino dos céus e aos quais declarou: "Quem vos
ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita" (Lc 10, 16).
Portanto, o trabalho dos
sucessores de São Pedro e dos demais apóstolos é um humilde serviço prestado
aos católicos, não um poder arbitrário despótico, que tudo pode mudar, a
qualquer tempo. Um Papa que, no exercício de sua infalibilidade, declarasse
algum ponto da doutrina contrário ao ensinamento bimilenar da Igreja, ou não
seria um Papa legítimo, ou, ao contrário, ver-se-ia todo o edifício eclesial
vir abaixo. Não pode existir contradição no ensinamento da Igreja ao longo dos
séculos. O Concílio Vaticano II, por exemplo, não poderia – como não o fez –
contradizer os concílios ecumênicos anteriores, como o Vaticano I e o de
Trento.
No protestantismo,
prevalece o princípio do "livre exame" das Escrituras. Negada a
autoridade do Papa, qualquer um pode se erigir "papa", atribuindo a
si a autoridade para interpretar a Bíblia da maneira como bem entender.
Infelizmente, esta mentalidade tem sido incentivada por teólogos como Hans
Küng, Leonardo Boff, Andrés Torres Queiruga, constituindo o fenômeno do
neoprotestantismo na Igreja.
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